sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

O palhaço travesso - Das meninices da vida



De vez em quando, ao ver um menino correndo pelo jardim, ela sentia saudade de ser criança o tempo todo.
Lembrava de suas brincadeiras, sonhos, idéias...

As preocupações eram de escala bem menor, a espontaneidade podia ser vivida mais intensamente, nada tirava a alegria, o sorriso sempre estampado na cara. Os erros eram simples e traziam grandes descobertas. 





    


Depois de pensar em tudo isso, ela via que não precisava de deixar de ser criança na maior parte do tempo, que muitas idéias e sonhos ainda persistiam. E assim seguia brincando de fazer cócegas, dançando na chuva e distribuindo sorrisos...




domingo, 8 de novembro de 2009

Sensações violeta

Dia com noite bonita, saíram para passear.
E naquele dia os beijos tinham cores. De olhos fechados, sentindo os lábios dele tocando os seus, ela via revoluções cor de violeta.
Na primeira vez que isso aconteceu ela achou que fosse um breve delírio, mas aquilo se repetiu por inúmeras vezes. Círculos se formavam em diversas nuances...




Gostava do sorriso dele. Naquele sorriso ela encontrava a leveza da qual gostava, sentia-se leve também.
Olhava-o e em seu olhar percebia o quanto ele era doce, ela adorava açúcar. Experimentando aquela gostosa sensação de ver cores no beijo, ela ria feliz e eles continuaram ali a observar a lua. 

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Congado


Certo dia, estava em casa, no meu quarto, quando ouví sons de tambores. Lembrei que era Festa do Divino em uma das igrejas perto. Mais que depressa saí ,do jeito que estava mesmo, com o cabelo cheio, roupa de ficar em casa, correndo para ver o cortejo que passava. O cenário estava perfeito, a rua calçada de pé-de-moleque, o dia frio e um pouco escuro, iluminados pelas velas que vinham em suportes de material reaproveitado, pessoas concentradas no momento. Os diferentes cantos de cada terno de congado se misturavam e ao mesmo tempo era possível distingui-los. Acompanhei aquela manifestação de que tanto gosto até a igreja e esperei o momento da saída deles, fascinada com toda a magia. Já em casa, ainda tomada pela beleza da cultura mineira e força de um povo consegue preservar uma tradição vinda do outro lado do 'Atlântico Negro', escrevi as linhas abaixo, que talvez não façam muito sentido, mas que saíram num momento muito feliz e cheio de admiração.

Cores e brilho,
Espelhos,
Diferentes grupos, diferentes ternos, diferentes ritmos e toques.
Os ritmos, os batuques, as cores, as pessoas.
Conservação da cultura, resistência no tempo.
Cantos a Nossa Senhora do Rosário, São Benedito...
Crianças e idosos juntos na canção,
Pessoas simples, unidas numa tradição.
Tambor, pandeiro
Valorização de sua origem.
Reis, pessoas de valores
CULTURA POPULAR
Tudo isso em meio ao cenário de casas antigas, com pessoas a admirar.




                                                            
                                                           (Maio 2010 - Encontro de Congados em Mariana MG)





segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Coisas que rodam na minha cabeça...

Meus breves devaneios são tolos
E ao mesmo tempo fazem sentido

Sinto-me assim o tempo todo
Entre a razão e a loucura
O impulso e precaução

Entregar-se por inteiro
Ou guardar-se
Tudo depende do momento
Da vontade

Talvez seja mais simples não pensar no amanhã
Mas quando ele chegar o que eu faço?

Sigo com meus pensamentos sobre ser
Sendo quem sou
E tentando ser eu mesma.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Como uma lua


Lua se escondendo
Tímida, brincava no céu
Em outros dias, cheia e clara
Mostrava-se e gostava de ser admirada.

As estrelas faziam companhia a ela
Poucas ou numerosas, eram o diferencial para o cenário
Brilhavam ao seu lado trazendo alegria.

De repente uma estrela cadente!
Um ser luminoso correu a escuridão
E então a lua se sentiu completa
Para ela aquela noite não podia ser melhor.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Vontade

Desejo, querer algo. Para conceituá-la Descartes, Schopenhauer e outros filósofos são muito mais indicados. Por vezes pode-se satisfazê-la, em outras o superego tem que falar mais alto. Das mais simples como a vontade de comer um doce às mais complexas como vontade de ter o que não se pode. E as vontades influem nas decisões, escolhas... E estas são as partes da vida. Sigo então com minhas vontades, maiores ou menores dependendo do contexto e do estímulo.


“Todo mundo tem alguma vontade
Alguma coisa instigante
Algo incontrolável, diferente
Um desejo alucinante

Todo mundo tem alguma vantagem
Ninguém é totalmente ruim
A sua vantagem é a minha vontade
De trazer você pra perto de mim

Vontade pode ser ímpeto
Pode ser reflexo
Vontade pode ser momento
Ou apenas sexo

Eu sou o homem
Você é a mulher
O homem só quer
O que a mulher também quer

Vontade
Desejo
Fissura
Paixão”

Vontade – Paulinho Moska

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

A menina do cabelo cheio

Era uma vez uma menina, uma moça! Essa menina era diferente da maioria das meninas de sua rua, seu bairro, sua cidade. O que ela tinha de diferente? Ah... muitas coisas... Porém, a mais notável era o seu cabelo. Sim, o cabelo mesmo! Mas para entender seu cabelo é preciso ir além, muito além desse detalhe. Pra começar, essa menina era negra. Algumas pessoas insistiam em lhe dizer que ela era morena clara, mas ela explicava que essa raça não existia. Fazia questão de dizer que era negra e representar bem sua raça onde estivesse e para isso usava os instrumentos que possuía.
Os gostos dessa menina não eram tão comuns no meio onde vivia e ela nem se importava mais em ser daquele jeito e gostar do que gostava. Tinha orgulho de tudo que fazia parte de suas origens. A menina que gostava de ciranda, jongo, samba, congado e maracatu tinha muitos sonhos, o principal era ver todas as pessoas serem tratadas de forma igual, sem discriminação.
Os cabelos da menina eram crespos e só de ela falar assim alguns já achavam estranho. Seus cabelos eram castanhos. As pontas eram mais claras, em tons de amarelo. O sol que ela tanto gostava oxigenava o seu cabelo naturalmente. Ao contrário da maioria das meninas que conhecia, ela não gostava de alisar o cabelo. Gostava dele bem cacheado e não se cansava de cuidar para que ele se tornasse ainda mais. Os fios de cabelo dessa menina formavam em conjunto uma cabeleira volumosa e moldavam seu rosto. Quando ela ia ao salão de beleza muitas vezes ouvia das cabeleireiras que o corte que queria ia dar muito volume ao cabelo. Demorou para ela convencer a todas que ela gostava daquele jeito.
Quando ela passeava pelas ruas da cidade causava reações diversas nas pessoas que a reparavam. Ouvia muitos comentários: “Olha lá o famoso black power”, “Quanto cabelo hein, quanto volume!”, “Você viu aquela menina de cabelo cheio?”, “Cabelão”. A menina ouvia os comentários e achava graça, balança seus cachos e continuava a caminhar sorrindo. No inicio ela se perguntava por que seu cabelo chamava tanta atenção, afinal essa era a natureza deles, era pra ser uma coisa normal. Depois de um tempo ela entendeu que o fato de não haver muita gente com o cabelo igual ao dela causava tal estranhamento nas pessoas. Para ela não importavam as incansáveis propagandas com mulheres balançando seus longos e lisos cabelos, estava muito feliz com os seus cabelos crespos e curtos. Quando alguém perguntava por que ela deixava o cabelo daquele jeito ela respondia: “Eu gosto do jeito que sou e não quero nunca passar uma imagem forçada daquilo que não está em mim”.
O maior desejo dessa menina era que as pessoas entendessem as diferenças entre os seres humanos e principalmente as aceitassem. Assim, minimamente não achariam tão estranho ver cabelos como os dela, talvez assim até houvesse mais exemplares nas ruas. Aí não diriam mais que o cabelo dela era cheio e sim que era crespo!
Aquela menina sabia o que queria e representava dentro de um grupo e torcia para que todas as pessoas soubessem também. Enquanto isso não acontecia ou acontecia a passos lentos e pequenos, a menina, a moça do cabelo cheio continuava a levar sua vida, sorrindo e cantarolando, sempre tentando fazer algo bom para o mundo.